Juazeiro do Norte
Juazeiro do Norte é considerado um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo milhões de romeiros todos os anos.
O município está localizado na Região Metropolitana do Cariri, no sul do estado do Ceará, a 533 km da capital, Fortaleza. Sua área é de 248,558 km², a uma altitude média de 377,3 metros. A população do município é estimada em 249 939 habitantes, que o torna o terceiro mais populoso do Ceará, o maior do interior cearense e o centéssimo maior do Brasil. A taxa de urbanização é de 95,3%.
O topônimo Juazeiro é uma alusão a uma árvore tipicamente nordestina. O município adotou este nome em 30 de dezembro de 1943.
No início Juazeiro do Norte era um distrito da cidade vizinha Crato, até que o jovem Padre Cícero resolveu se fixar como pároco no lugarejo, até então sem capelão e, portanto, sem os serviços religiosos. Padre Cícero foi um dos responsáveis, tempos depois, pela emancipação e independência da cidade. Por conta do chamado "milagre de Juazeiro" (quando Padre Cícero deu a hóstia sagrada à beata Maria de Araújo, a hóstia se transformou em sangue), a figura do sacerdote assumiu características místicas e ele passou a ser venerado pelo povo como um santo.
Quando ainda era uma vila pertencente ao Crato, Juazeiro chamava-se Tabuleiro Grande e não passava de um aglomerado de casas de taipa e algumas de tijolos convergindo para uma capela dedicada à Nossa Senhora das Dores. A vila era um mero entreposto e servia de ponto de apoio para aqueles que se dirigiam para o Crato.
No começo do século XX a vila de Tabuleiro Grande já havia alcançado um considerável nível de desenvolvimento, no entanto continuava pertencendo ao município do Crato. Esta situação passou a incomodar os juazeirenses, surgindo o desejo de independência. O movimento em prol da emancipação ganhou força em 1909 com a chegada do Padre Alencar Peixoto e de José Marrocos, juntos fundaram o jornal O Rebate que se tornou o principal difusor do projeto. No mesmo ano, houve uma greve geral da população, causando prejuízos à economia do Crato. Em 1910, foi organizada uma passeata pela emancipação, reunindo aproximadamente quinze mil pessoas. Em 22 de Julho de 1911, a emancipação é concedida através da lei n° 1.028, o novo município passa a se chamar Joaseiro, e Padre Cícero é eleito o primeiro prefeito.
Juazeiro é um maior centro comercial e industrial do interior cearense. Possui um shopping, agências dos bancos mais importantes do país e também concessionárias de veículos nacionais e importados. A comercialização de produtos folheados em ouro ocupa posição de destaque nacional. Na indústria é o terceiro maior pólo nacional calçadista. E naturalmente o turismo religioso tem papel de destaque na economia do município.
Referindo-se a educação, as escolas particulares de Juazeiro são referências para as cidades circovizinhas, destacando-se o Colégio Salisianos São João Bosco, o qual foi um dos primeiros do município, instalado a pedido do Padre Cícero. A cidade conta ainda com nove instituições de ensino superior, sendo uma delas a Faculdade de Medicina.
No setor de saúde dispõe de uma boa rede hospitalar e clínica, dotados de equipamentos modernos e médicos atuando em diversas especialidades. Recentemente o Governo do Estado inaugurou o Hospital Regional do Cariri que irá contemplar as especialidades na área de urgência clínica e cirúrgica, atender os casos de envenenamento, doenças transmissíveis, traumas e queimados, desafogando os hospitais de Fortaleza.
Possui o Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes que liga Juazeiro às principais cidades do país. No momento quatro empresas aéreas operam na cidade: a Gol Transportes Aéreos, a Avianca Brasil, a Azul Linhas Aéreas e a Passaredo Linhas Aéreas.
Tem dois clubes profissionais de futebol: o Icasa e o Guarani. Os jogos acontecem no estádio municipal o Romeirão.
O artesanato é um dos maiores exponentes culturais do município, utilizando-se de materiais como couro na fabricação de chapéus, botas, sapatos, selas, cintos, sandálias, calçados, malas, objetos decorativos, tapetes. Junco, palha, bambu, cipós, raízes, folhas de palmeira, madeira para criar móveis, máquinas de engenhos, tonéis, talhas e esculturas. E a cerâmica que faz surgir quartinhas, jarras, potes, gametas, pratos, filtros, bacias, jarros, mealheiros, bonecos de barros, entre outros.
Filhos Ilustres:
Beata Maria de Araújo - religiosa
Seu Lunga - personagem popular cômica
José Wilker - ator
Santanna - cantor
Alcymar Monteiro - cantor e compositor
Luís Fidélis - cantor e compositor
Rosemberg Caryri - cineasta
Suyane Moreira - modelo e atriz
Nasa - ex-jogador de futebol
Juazeiro é uma cidade encantadora, conhecida nacionalmente como a "Terra do Padim Ciço". É um verdadeiro Santuário a céu aberto. Sendo um dos maiores centros de romaria e religiosidade popular do Brasil. E é nesta cidade que está sepultado o Padre Cícero Romão Batista, o fundador e maior benfeitor do município, uma espécie de santo popular canonizado no coração do povo.
Fonte: Daniel Walker
Padre Cícero Romão Batista
O Padre Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato, Ceará, filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Foi batizado no dia 8 de abril pelo Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento, tendo como padrinhos seu avô paterno, Romão José Batista e uma tia materna, Antônia Ferreira Catão.
Aos 7 anos, começou a estudar com o professor Rufino de Alcântara Montezuma e fez sua Primeira Comunhão na matriz do Crato. Aos 12 anos, passou a ser aluno do latinista Padre João Marrocos Teles, professor, por concurso, da cadeira de Latim, criada no Crato por D. Pedro I e com essa idade fez o voto de castidade, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales, como ele próprio afirma no seu testamento. Seu pai, sabendo dos seus progressos na aula régia do prof. João Marrocos, o matriculou no famoso colégio do Padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras, Paraíba. Em 1862 interrompeu seus estudos e retornou ao Crato para cuidar da sua mãe e irmãs solteiras, devido a morte inesperada de seu pai, vítima da cólera-morbo.
Em março de 1865, ingressou no Seminário de Fortaleza, para seguir a carreira eclesiástica, onde é ordenado em novembro de 1870. Regressando ao Crato, em 1871, cantou a sua primeira missa no altar de Nossa Senhora da Penha, na Matriz do Crato e durante esse ano foi professor no colégio ali fundado por João Marrocos. Em abril de 1872, com 28 anos de idade, retorna ao povoado de Juazeiro, onde fixou residência definitivamente.
Iniciou a melhoria da capela do Juazeiro, dedicada a Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar, onde desenvolveu o seu trabalho pastoral, conquistando, desde então, a simpatia da comunidade.
Em 1889, ocorreu a primeira manifestação dos poderes milagrosos a ele atribuídos, quando a hóstia colocada na boca da beata Maria de Araújo se transformou em sangue. O médico Marcos Madeira atestou como sobrenaturais os fenômenos por ele vistos e estudados das hóstias que se transformavam em sangue. Foi chamado à Fortaleza pelo bispo Dom Joaquim José Vieira para um AUTO DE PERGUNTAS sobre o que estava ocorrendo em Juazeiro, para onde é enviada uma primeira Comissão de Inquérito que confirma o que está ocorrendo e envia ao bispo um relatório considerando todos os fenômenos como sendo coisa divina. O bispo não acata nem acredita no relatório, nomeando uma outra Comissão de Inquérito, tendo à frente o Mons. Antonio Alexandrino de Alencar, que mandou buscar a beata Maria de Araújo ao Crato. Ao ministrar-lhe o hóstia esta não se transforma mais em sangue. A Comissão fez um relatório desmentindo tudo e considerando um embuste o ocorrido em Juazeiro e envia-o ao bispo que o acatou, assinando uma portaria, na qual estipulava as seguintes sanções contra o Padre Cícero : ele não podia mais celebrar em Juazeiro, confessar nem pregar na diocese. Era também terminantemente proibido de falar sobre o assunto dos milagres e atender aos romeiros.
Padre Cícero viajou então a Roma, onde teve uma audiência com o Papa Leão XII sendo absolvido de suas penas. Porém o Bispo do Ceará, Dom Joaquim Vieira, publicou a sua pastoral nº 4, decidindo que o sacerdote não poderia celebrar, confessar ou fazer sermões, enquanto não viesse de Roma o decreto de reabilitação.
Proibido de exercer suas funções eclesiásticas, tentou ajudar o povo de Juazeiro através do ingresso na vida política. Com a transformação de Juazeiro em município, foi nomeado pelo governador do Ceará, Nogueira Acioli, prefeito de Juazeiro. Em 1914, a Assembléia Legislativa do Ceará reuniu-se e, por maioria, reconheceu o Padre Cícero como 1º Vice-Governador do Estado.
Em 1916, ele recebeu do novo bispo da diocese do Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, permissão para celebrar na Igreja de Nossa Senhora das Dores, após 24 anos de proibição. Voltando a celebrar começou a receber maior número de romeiros. Alguns comerciantes haviam mandado fabricar medalhas com a sua efígie o que não agradou ao novo bispo. Quando solicitou autorização a Dom Quintino para ser padrinho de uma criança que ia batizar-se, o bispo desgostoso com a notícia de que estavam vendendo medalhas com o retrato do Padre, negou a autorização para apadrinhar e determinou que, a partir daquela data, não mais deveria celebrar.
Ferido, não se revoltou nem reagiu. Aceitou com humildade a decisão do seu bispo, dedicando-se totalmente ao bem da sua cidade de Juazeiro. Era um nome famoso, líder do povo do Nordeste, conselheiro de milhões de pessoas. O povo amava o seu padrinho sofredor. Morreu, no dia 20 de julho de 1934, às 5h da manhã, aos 90 anos, sendo enterrado no dia 21, na presença de mais de 70 mil pessoas.
Fonte: www.fundaj.gov.br